Em Candido de Abreu está o berço do cooperativismo brasileiro

Em Candido de Abreu está o berço do cooperativismo brasileiro
Jean Faivre

Todos os anos, no último trimestre (Outubro), é realizada em Cândido de Abreu uma “Caminhada da Natureza”. Integra o circuito Tereza Cristina, margeando trechos do rio Ivaí e tem uma extensão aproximada de 13 quilômetros, a partir da comunidade do Saltinho. O trecho passa por Tereza Cristina, considerado o berço do cooperativismo do Brasil. Foi lá que o médico naturista francês Jean Maurice Faivre implantou em 1847 um projeto de uma vila agrícola com ideais humanistas, tendo sido o primeiro local no Brasil livre da escravidão e com experiências cooperativistas.

O projeto teve apoio da Imperatriz do Brasil, Dona Tereza Cristina, esposa do Imperador Dom Pedro II. Uma planta, guardada como relíquia, no Museu Nacional, mostra um desenho, tendo ao centro, uma fonte rodeada de árvores, ao lado uma casa comunitária com biblioteca, gabinete de história natural e laboratório de química e física, também cercada de árvores. Ao redor estão dispostas dez casas assobradadas com jardins e árvores circundantes, em meio a uma várzea aprazível. Nos arredores situam-se moinhos; um estabelecimento para tecelagem; serraria, forja e carpintaria; olaria e cemitério. Encorajado pelo imperador, Faivre trouxe da França uma leva de imigrantes e instalou-se com eles no interior do Paraná, às margens do rio Ivaí.

No distrito existe um monumento com uma placa fúnebre erguida em homenagem ao médico, logo após a sua morte, em 1858, tragado por febre traiçoeira sem ver realizados seus sonhos de um mundo melhor, mais igualitário, mais saudável.

Vida saudável que muita gente procura nos dias de hoje ali nas cercanias, por causa das fontes de água sulfurosa (com cheiro de ovo podre) existentes.

Faivre

Jean Maurice Faivre nasceu em 1795 na França, tendo sido formado pela Faculdade de Medicina de Paris em 1825. Chegou ao Brasil no final de 1826. No final de 1840, valendo-se de suas relações na Corte, sobretudo de amizade com a Imperatriz Teresa Cristina, de quem foi médico, para financiar, ao menos em parte, o projeto no interior do Paraná, que era então Quinta Comarca da Província de São Paulo.

Faivre imaginou que se refugiando na selva, desenvolvendo vida livre e igualitária, estaria a salvo das iniquidades – sobretudo morais – que haviam assolado o mundo das cidades.Na colônia, onde proibiu a escravidão 40 anos antes de sua abolição no Brasil, distribuiu terras gratuitamente aos membros da comunidade, aos quais já havia oferecido dinheiro para pagarem suas dívidas na França e se sustentarem nos dois primeiros anos da colônia. As despesas do trabalho e da vida social eram divididas e, igualmente, os lucros. A colônia apresentou certo desenvolvimento: produziu aguardente e rapadura, construiu uma olaria e desenvolveu uma agricultura de subsistência. Mas logo a maioria dos franceses que trouxera o abandonou. O isolamento da colônia e outros fatores apressaram sua decadência.

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