Foi em Itajaí a primeira cirurgia de mudança de sexo no Brasil. Há 61 anos

Foi em Itajaí a primeira cirurgia de mudança de sexo no Brasil. Há 61 anos

Fotos da reportagem publicada na época por “O Cruzeiro”

Há 61 anos, no ano de 1959, um médico de Itajaí, em Itajaí, José Eliomar da Silva, foi o responsável pela primeira cirurgia de redesignação sexual ocorrida no Brasil. O termo médico, em vez de “mudança de sexo”, é “genitoplastia de feminilização”.

O dr. José Eliomar constatou uma variação intersexo e realizou a operação, mudando todas as características do jovem Mário da Silva. A revista “O Cruzeiro”, que na época era a publicação de maior circulação no país, publicou uma reportagem a respeito.

A reportagem

“O Cruzeiro” publicou que Mário “fez a primeira comunhão com vestidinho branco e coroa de flores na cabeça. Estudou no grupo escolar na classe das meninas. Em casa, a princípio, lavava os pratos, varria e ajudava a vó. Nunca aprendeu a cozinhar. Gostava era de ordenhar vacas toda manhã, laçar bezerros e montar cavalos bravos. Ganhou disparado muito desafio de vaqueiros. Gente ficava de mão no queixo, vendo as habilidades”.

E mais: “Ele não se interessava por homens e não aceitou se casar com o tecelão José Carlos, que pediu sua mão à sua avó”. A reportagem afirma que “até a avó ficou surpreendida com a reação da neta. Havia algum mistério por trás daquela resistência. Aliás, sempre achava esquisitas as maneiras da neta. Talvez fosse o caso de consultar um médico. Maura concordou”.

Prossegue o texto: “Mário então se consultou com José Eliomar da Silva, um médico respeitado na cidade e formado na Faculdade de Medicina do Rio de Janeiro, e foi  internado como Maria, com cabelos longos, vestido e sapatos altos.

“Submeteram-na a duas cuidadosas operações. Quando saiu, vestia calças cumpridas, camisa listrada, cabelos aparados e quando havia a apresentação a alguém, dizia: Muito prazer, Mário da Silva ao seu dispor”, afirma a reportagem.

Ao repórter, contou como sua vida melhorou após a mudança: “sinto-me como se estivesse no céu”. A transição não foi acompanhada, no entanto, por novos documentos.

José Eliomar da Silva

Nasceu em 24 de setembro de 1923, em Iguatu/CE. Filho de Geraldo Amaro da Silva e de Raimunda Alexandre da Silva.

Estudou no Colégio Salesiano Padre Rolim (em Cajazeiros/Paraíba), no Ginásio Fortaleza (Fortaleza/Ceará) e no Colégio Estadual da Bahia (Bahia/Salvador).

Formou-se em Medicina pela Faculdade de Ciências Médicas da Universidade de Guanabara, no Rio de Janeiro/RJ, em 1951. Fez residência médica no Hospital Rawson, em Buenos Aires, capital da Argentina.

Casou com Eunice Schulte da Silva e tiveram filhos.

Em Santa Catarina, foi Delegado Regional do Serviço de Assistência Médica Domiciliar de Urgência (SMDU), Diretor do Hospital e Maternidade Marieta Konder Bornhausen, em Itajaí, Chefe do Instituto Nacional de Assistência Médica da Previdência Social (INAMPS) e professor da disciplina de Medicina Legal, da Faculdade de Direito da Universidade do Vale do Itajaí (UNIVALI).

Exerceu a medicina, especialmente na área da cirurgia plástica.

Candidato à Assembleia Legislativa do Estado de Santa Catarina, recebeu 3.095 votos, ficou na posição de terceiro suplente de seu partido, foi convocado e tomou posse à 5ª Legislatura (1963-1967).

Na década de 1970, cedeu seu sítio para alunos das escolas públicas de Itajaí realizarem  atividades de lazer.

Escritor e cronista, membro da Academia Itajaiense de Letras. Obra: “Os coronéis também choram”.

Recebeu o título de Cidadão Honorário de Itajaí.

Faleceu em 23 de setembro de 2011, em Itajaí/SC.

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