Porto Guará vai elevar para 80 milhões de toneladas ao ano a movimentação de cargas em Paranaguá
(da Redação)
Os Portos do Paraná deverão aumentar em 80 milhões de toneladas/ano a sua capacidade de movimentaçãode cargas com a construção de um novo complexo portuário, em Paranaguá, o Porto Guará. Ao todo, serão investidos R$4,1 bilhão na construção do terminal, para movimentação de 31,5 milhões de toneladas/ano de grãos, líquidos e containers e que ocorrerão em fases, na medida em que o Porto de Paranaguá atinja o limite da sua capacidade operacional.
O Terminal de Uso Privado (TUP), será implantado na região do Embocuí – distrito industrial de Paranaguá e zona de desenvolvimento econômico e de interesse portuário, de acordo com o plano diretor do município. O empreendimento foi planejado para solucionar os principais problemas logísticos dos portos brasileiros em cidades portuárias: melhoria da mobilidade urbana e possibilidade de expansão do corredor do agronegócio brasileiro.
“O projeto foi idealizado visando reduzir os atuais conflitos, as filas e os congestionamentos, sem qualquer impacto na geração de empregos e renda da população” ,informa Xenia Arnt, presidente da Porto Guará Infraestrutura SPE (Sociedade de Propósito Específico).Ela explica que com a sua posição estratégica, a movimentação do Porto Guará não afetará a zona urbana de Paranaguá.
A previsão para início das obras – que serão construídas em área de 2 milhões de metros quadrados, sendo que 42% deverão ser mantidos como área de preservação – é julho de 2022. Já o início das operações deverá ocorrer em 2025. Atualmente o Porto Guará encontra-se na fase de licenciamento ambiental. O empreendimento é conduzido exclusivamente por dois grupos: Grupo Far (Holding) e Grupo Novo Oriente Participações (Holding), acionistas dos ativos e únicos investidores do desenvolvimento do projeto na fase pré-operacional.
Diferencial – Para solucionar os gargalos logísticos, o projeto do Porto Guará surge com o diferencial de ter a maior estrutura ferroviária conectada a um complexo portuário multicargas da América Latina. Serão 21 quilômetros de ferrovias integradas e capacidade de recepção de cargas superior a 25 milhões de toneladas/ano no modal ferroviário. A capacidade do Porto para recebimento de cargas via ferrovia, deverá triplicar a atual capacidade de recepção de Paranaguá, que hoje é de 4,95 milhões de toneladas/ano.
Para que se tenha ideia, a participação do modal ferroviário no transporte dos produtos importados e exportados via Paranaguá representou 14,9% do total.
No Porto Guará os vagões serão descarregados diretamente, sem necessidade de manobras e desmembramento da composição, o que deverá levar, em média, 3,5 horas para a descarga de grãos e 9,2horas para descarga e carregamento de graneis.
A área do complexo ficará localizada a 1000 metros de distância da ferrovia atual e a 1.400 metros de distância da rodovia, tendo como diferencial a agilidade na descarga de vagões e caminhões – na exportação – e o reembarque das cargas importadas.
“O projeto priorizou a recepção de vagões e caminhões. Esta situação possibilitará à atual concessionária ferroviária e à Nova Ferroeste condições para quadruplicar os atuais volumes de transporte, oferendo aos clientes a opção entre o transporte por rodovia e ferrovia”, explica o consultor técnico do projeto do Porto Guará, Luiz Henrique Dividino.
Estrutura – O Porto Guará foi projetado para receber os maiores navios que escalam a costa brasileira, de container com mais de 368 metros de comprimento e navios graneleiros com mais de 300 metros de comprimento.
Na fase inicial serão priorizados os terminais graneleiros conectados a cais de atracação do tipo píer, para movimentação de Granéis Sólidos Exportação, soja, farelos, milho e açúcar, e Granéis Sólidos Importação, Trigo, Malte, Cevada e Fertilizantes.
Todo o empreendimento está projetado para ser implantado num prazo de 10 anos, sendo a segunda fase destinada à estrutura para a movimentação de contêineres.
Segundo Dividino, o Porto Guará está voltado ao atendimento da logística da agroindústria e do agronegócio, focando principalmente os mercados asiáticos que já anunciaram a necessidade de importar 30% mais grãos até 2030. “Este volume adicional significa algo como toda a soja exportada em 2020, pelos Portos de Paranaguá e Santos juntos. Para atender este volume não basta fazer reformas ou repotenciamento. Precisamos elevar os níveis dos serviços portuários e prover capacidade operacional em grande escala. Precisamos estar preparados para um tsunami de cargas com destino a Ásia”, enfatiza Dividino.
Para ele, mesma forma que há décadas foi criado no mundo o corredor Europa/Asia “Euroasia” o empreendimento possibilitará a criação do corredor Brasil/Asia, eliminando filas, o tempo de espera de navios e garantindo a manutenção das cargas em Paranaguá por mais 50 anos com eficiência, competitividade e segurança”, completa Dividino.
Próximos passos – Para iniciar suas obras o Porto Guará está atendendo todas as exigências da legislação junto ao Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e Recursos Naturais – IBAMA. “Neste momento estamos focados em atender todas as premissas e exigências ambientais locais e regionais, com respeito à população de Paranaguá”, informa Xênia. Segundo ela, não existe uma data para a conclusão dos estudos e obtenções de licenças, apenas uma previsão de atendimento dos cronogramas relacionados aos procedimentos de licenciamento.
Com o início das obras a expectativa é que o empreendimento possa gerar 1.200 oportunidades de trabalho e outras 1.000 vagas de empregos diretos na fase operacional.