Um panorama sobre o mercado de cruzeiros marítimos

Um panorama sobre o mercado de cruzeiros marítimos

Com maior movimentação de passageiros em rotas partindo da América do Norte, Ásia e Europa, os cruzeiros marítimos vêm se tornando cada vez mais populares, sendo um dos mercados turísticos que mais expandem no mundo, com taxas de crescimento de até 8% ao ano. A constatação é da Cruise Lines International Association (CLIA). Em 2016, a entidade observou aumento em mais de 50% no número de passageiros na última década.

Para responder à demanda, em 2017 foram colocados em serviço 26 novos navios de cruzeiro marítimo ou fluvial no mundo, um investimento de 6,8 bilhões de dólares. A expectativa para o futuro é ainda mais positiva: “Até 2026, estarão em operação 97 novos navios de cruzeiro, em um investimento total de 23 bilhões de dólares”, informou a CLIA.

A indústria dos cruzeiros gera um total de quase um milhão de empregos, o que corresponde a 38 bilhões de dólares em salários. Crescem cada vez mais as ofertas de portos turísticos com infraestruturas consideradas de excelência, em resposta à essa demanda mundial.

Estratégia e oferta

Uma particularidade desse mercado é que quanto mais próximos os portos de cruzeiros estão das regiões turísticas, maior o interesse de embarque nessas localidades. Em portos da Flórida e do Texas, no sul dos Estados Unidos, partem embarcações para o Caribe, mas a Flórida supera o Texas em movimentações de passageiros devido aos parques temáticos e praias. Tal configuração garante sustentabilidade ao mercado, independentemente da sazonalidade.

Outra questão importante é a oferta de “infraestruturas de excelência”, que dispõem de uma gama de serviços tanto para o armador quanto para o turista. São os “Home Ports”, de infraestrutura muito similar à aeroportos e shoppings centers, abertos ao público o ano todo.

Cruzeiros pelo Atlântico Sul

Com o mercado basicamente restrito à costa da Argentina, Chile, Uruguai e Brasil, os cruzeiros marítimos na região do Atlântico Sul encontram-se ainda em fase embrionária. Entretanto, há perspectivas de novos investimentos no setor.

O Porto Madryn, de Buenos Aires, é um dos principais portos da América Latina, porta de entrada para o sul do continente, destino para turistas interessados nas atrações da Patagônia, seus pinguins, geleiras e baleias. Recentemente, o governo argentino aprovou a reforma do Porto Madryn, um investimento de mais de US$ 40 milhões.

No continente também há negociações em andamento para que os governos uruguaio e chileno organizem licitações para que a iniciativa privada empreenda “Home Ports” em Punta del Este, no Uruguai, e Puerto Montt, no Chile.

Mercado Nacional

O Brasil já contou com mais de 20 navios transatlânticos de grandes operadoras cumprindo rotas pela zona costeira. Entre 2004 e 2011, o país experimentou o auge da movimentação de passageiros de turismo náutico, sendo 2010 o ano de maior giro econômico desse setor. Mas, hoje em dia, essas embarcações não passam de seis.

Além disso, as rotas do MERCOSUL são precariamente atendidas por terminais de apoio, onde o navio ancora em alto mar e os passageiros seguem em botes salva-vidas para a costa. Desembarcam em pequenas marinas, cujas estruturas nem chegam perto de uma infraestrutura de excelência.

Falta estrutura

Em pleno 2018, o Brasil ainda opera em portos predominantemente de carga adaptados para passageiros. É o caso do Porto de Santos, onde os passageiros sentem os impactos das operações portuárias e enfrentam poeira e mau cheiro dos embarques e desembarques de grãos. Eles também precisam atravessar instalações portuárias e até as linhas férreas, às vezes precisando esperar o fim de manobras de trens para só depois descarregar as bagagens.

Além do Porto de Santos, as opções pelo litoral brasileiro restringem-se a terminais portuários de uso privado (TUP), instalações portuárias públicas de pequeno porte (IP4, localizadas fora de portos organizados), instalações portuárias de turismo (IPTur, que pode ser de apoio, de trânsito ou plena) e estações de transbordo de carga (ETC).

As instalações disponíveis em Santa Catarina se aproximam de uma IP4, mas são improvisadas e de precária operação de embarque e desembarque de passageiros. Itajaí é a única cidade que dispõe de um terminal turístico que não é um ponto de partida, portanto não recolhe recursos financeiros nas operações de embarque e desembarque, e não tem estrutura suficiente para atender navios de grande porte e modernos.

Um cenário que pode mudar em breve, se o projeto da empresa Ports Developed By Shiphandlers – PDBS, denominado BC Port, obtiver as licenças ambientais em tramitação junto ao órgão ambiental estadual. Pode se tornar a primeira Instalação Portuária de Turismo (IPTur) Plena do país com lojas, restaurantes, hotel, capacidade para receber até dois navios com 362 metros de comprimento e 60 de largura, com 5,8 mil passageiros cada. Um conceito moderno que largamento tem se espalhado pelo mundo.

É um projeto para recolocar o Brasil nos trilhos do desenvolvimento marítimo internacional, proporcionando rotas estratégicas para o exterior e também para o mercado nacional, que respira após uma longa crise política. É esperar para ver.

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