A história dos escravos que ganharam 3,6 mil alqueires

A história dos escravos que ganharam 3,6 mil alqueires

No distrito de Entre Rios, onde os imigrantes suábios se instalaram em Guarapuava e construíram a potência econômica e de modernidade que é a Cooperativa Agroindustrial Agrária e onde está a maior maltaria da América Latina, existe um Quilombo, denominado Invernada Paiol de Telha. A história nos dá conta de que em 1860 a fazendeira Balbina de Siqueira doou 3,6 mil alqueires de sua propriedade a 11 escravos. De acordo com o testamento, essas terras seriam invendáveis. A gleba originalmente doada ao grupo – hoje cerca de 300 famílias – pertence atualmente ao município de Reserva do Iguaçu, mas foi expropriada e entregue por usucapião à Agrária.

As famílias remanescentes ficaram 16 meses acampadas em frente à terra expropriada e acabaram sendo parcialmente assentadas numa área de 997 hectares no distrito de Entre Rios, próximo à sede da Cooperativa Agrária, recebendo este novo assentamento a mesma denominação da comunidade original.

No dia 22 de janeiro foi oficializada a obtenção de parte das terras, graças à compra, feita pelo Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária – Incra – que pagou à Cooperativa Agrária o valor de R$ 10,2 milhões pelos 228 hectares que foram repassados ao Paiol de Telha. Foi a primeira vez que o Instituto obteve uma área no Paraná para a titulação de um quilombo.

Assistência

O governo do Paraná dá assistência aos quilombolas. Em 2018 técnicos do Instituto Emater iniciaram um trabalho de assistência aos moradores do local. Os extensionistas passaram a implementar o programa Família Paranaense-Renda do Agricultor. De início, 13 famílias se enquadraram nos critérios do programa e passaram a receber recursos para a melhoria das suas condições de vida. Os recursos do programa, R$ 3.000, por família, foram aplicados na construção de um sistema de captação de água. Além disso, os moradores investiram em algumas atividades produtivas. Foram construídos dez galinheiros, sete estufas para hortaliças, duas pocilgas e duas famílias compraram equipamentos para panificação.

A pecuária de leite foi a opção de cinco famílias quilombolas. Para tanto, elas usaram os recursos do programa na compra de bovinos de leite e um triturador de milho.  Atualmente as cinco famílias produzem um total de 2.400 litros/mês,  80 litros/dia. O leite é todo consumido pelas famílias. No entanto, os extensionistas estão orientando os agricultores a investirem nas pastagens para aumentar a produtividade do rebanho. A prefeitura de Reserva do Iguaçu doou um resfriador para comunidade, com capacidade para armazenar 2.000 litros de leite.

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