Jogos Indígenas em Londrina levam esporte, arte e cultura para o Aterro do Lago Igapó 

Jogos Indígenas em Londrina levam esporte, arte e cultura para o Aterro do Lago Igapó 
Competição de cabo de guerra. Foto: Alejandro Zambrana / divulgação

(PREFEITURA DE LONDRINA – Assessoria de Imprensa dos Jogos Indígenas)

Será realizado neste fim de semana, em Londrina, a primeira edição dos Jogos Indígenas. Durante a tarde de sábado (3) e a manhã de domingo (4), o Aterro do Lago Igapó recebe mais de 200 indígenas para uma grande mostra da tradição esportiva, centrada em dez modalidades que serão disputadas pelas etnias Kaingang e Guarani. Participam atletas da Aldeia Água Branca e da Apucaraninha, localizadas próximas às cidades de Londrina e Tamarana, e da Terra Indígena de Laranjinha, no município de Santa Amélia, no norte pioneiro do Estado.

Este projeto conta com o patrocínio da Secretaria Municipal da Cultura por meio do Programa Municipal de Incentivo à Cultura de Londrina (Promic), da Companhia Paranaense de Energia (Copel) e Companhia de Saneamento do Paraná (Sanepar), além do apoio da Secretaria Estadual da Mulher e Igualdade Racial, por meio da Diretoria de Igualdade Racial, Povos Indígenas e Comunidades Tradicionais.

Essa é a primeira vez que o projeto de um proponente indígena é aprovado pelo Promic. Muito mais do que uma competição, os Jogos Indígenas trarão para o Aterro do Lago Igapó a tradição dos povos originários, inscrita na produção dos artefatos e pinturas corporais que compõem as modalidades esportivas, reunida nos artesanatos que serão expostos e poderão ser adquiridos na Feira de Arte Indígena e demonstrada nas apresentações artísticas que percorrerão o evento. Todas estas ações devem atrair um grande público, já que a programação ocorre simultaneamente às atividades programadas dos Jogos de Aventura e Natureza.

Participam dos Jogos Indígenas atletas pertencentes aos grupos de etnia kaingang Guerreiros e Nen-Gá, da Terra Indígena Apucaraninha e Vahn-Gá, da Aldeia Água Branca, além dos Guaranis do grupo Takwapu Porã, da Terra Indígena de Laranjinha que disputarão medalhas nas modalidades Corrida de Tora, Arremesso de Pedra, Corrida de Maraká, Corrida, Futebol, Arremesso de Lança, Zarabatana, Arco e Flecha, Luta Corporal e Cabo de Guerra.

De acordo com Renato Kriri Ka Mrem, vice Cacique da Aldeia Água Branca e proponente do projeto, a realização dos Jogos Indígenas é motivo de muita emoção. “Tudo está sendo muito importante. É uma oportunidade de mostrar a nossa cultura, a nossa tradição, os nossos costumes. Para nós, é uma conquista e está sendo muito emocionante. Uma marco na história; nós que no território dos nossos antepassados continuamos resistindo e convivendo com a sociedade não indígena. Com o projeto também temos a chance de estabelecer parcerias para levar para fora da terra indígena a nossa tradição. Uma marca sagrada, uma semente plantada ali que vamos deixar para as nossas gerações futuras”, comenta.

Para o vice Cacique, a importância da realização dos Jogos Indígenas também é oferecer a possibilidade de apresentar a própria identidade à sociedade não indígena. “O respeito vem também do conhecimento das diferenças. O povo indígena tem direitos também e merece apoio de todos as formas. Nosso projeto aprovado pelo Promic, algo novo para nós, nos mostra também que é possível construir uma história juntos; um aprendendo com o outro, uma verdadeira integração”, comenta Kriri Ka Mrem e completa: “Esperamos que outros municípios possam se inspirar no que Londrina está fazendo e que aconteçam outros Jogos Indígenas em outras localidades do Paraná e do Brasil”, afirma.

A realização dessa primeira edição dos Jogos Indígenas também marca um momento importante do Programa Municipal de Incentivo à Cultura da cidade, no ano em que completa 20 anos de existência. Para Valdir Grandini, assessor da Secretaria Municipal de Cultura e coordenador do programa Fábrica – Rede Popular de Cultura, é um sinal de novos tempos, caracterizados também pelo fato dos povos originários estarem se colocando no contexto da sociedade não indígena, exigindo voz e direito de expressão na vida social da cidade. “O Promic sempre foi uma forma de fazer com que as diversas linguagens artísticas possam ser criadas, que possam circular e chegar até à população, de modo que a própria população possa criar a partir dessa diversidade”, ressalta.

Ele também destaca a realização do evento no ambiente urbano. “A cidade tem uma forma às vezes preconceituosa de olhar para a cultura indígena e para os povos originários. Não é correta e nem justa a visão de que esses elementos estão em situação de mendicância no ambiente da cidade. A verdade é que eles estão em um momento de relacionamento com a cidade e os Jogos vêm para oportunizar o conhecimento sobre parte fundamental da cultura indígena. Nessa relação, quem ganha é a cidade. Nós é que estamos precisando aprender princípios mais cooperativos, precisamos entender o contexto de celebração, a maneira como se relacionar com o meio ambiente e compreender como eles estão querendo se relacionar conosco”, diz.

Para Grandini, a potência do Projeto também está na capacidade de conquistar apoio para além do Município, através da parceria com os Jogos da Aventura e Natureza e do Festival da Família. “Uma união de esforços e recursos para colocar os Jogos Indígenas em evidência através da preservação da cultura dos povos originários e da construção de uma diversidade. Estamos muito felizes em ter esse projeto aprovado pelo Promic e de como todas as ações estão se desenvolvendo”, frisa.

Denis Laurindo, coordenador de Articulação Política da Secretaria da Mulher e Igualdade Racial, acredita que a principal novidade na realização dessa primeira edição dos Jogos Indígenas é a celebração da vida e da força da tradição dos povos originários. “Essa mostra é um embrião de um projeto maior, para que essa celebração de tradição e cultura se estenda a 63 aldeias através do esporte”, indica.

Álvaro Canholi, diretor da PÁ! Artística e um dos produtores executivos do projeto, concorda e diz que o desenvolvimento de uma proposta na esfera estadual já está em processo. “Estamos construindo, a partir desta experiência, os Jogos Estaduais Indígenas no Paraná, para que seja possível agregar outras etnias e aldeias a este projeto inicial, que é um marco para a cultura de Londrina e região”, finaliza.

No sábado (3), às 12h, após o Cerimonial de abertura do JANs e do Festival da Família ocorre o Ritual de Abertura dos Jogos Indígenas com apresentação de cantos e danças. A partir das 13h e até às 18h30, as competições e respectivas premiações. A programação completa está disponível nas redes sociais dos Jogos Indígenas no Instagram e no Facebook . No domingo, às 8h, será realizado o segundo Ritual de Abertura com competições e respectivas premiações até às 13h40. O encerramento e as premiações finais da primeira edição dos Jogos Indígenas está marcado para às 14h, na Tenda dedicada à Mostra de Arte Indígena. Toda a programação é livre e aberta à toda a comunidade.

A realização do projeto, inédito na cidade, é possível graças a união de esforços do VARÊ – Centro de Referência, Memória e Cultura Indígena Kaingang, a produtora cultural PÁ! Artística e a Prefeitura de Londrina, por meio da Secretaria Municipal de Cultura, além do apoio da Fundação Nacional dos Povos Indígenas – FUNAI e do Governo do Estado do Paraná, representado pela Diretoria de Igualdade Racial, Povos Indígenas e Comunidades Tradicionais da Secretaria Estadual da Mulher e Igualdade Racial. A produção do evento ainda se dá dentro de uma parceria com os Jogos de Aventura e Natureza (JANs) e o Festival da Família, ambos realizados pelo Governo do Estado do Paraná, por meio da Secretaria de Estado do Esporte.

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