Londrina tem um novo lago, com o conceito de Soluções Baseadas na Natureza – SbN
(PREFEITURA DE LONDRINA – Dayane Albuquerque)
Desde o dia 17 o Lago Cabrinha, cartão postal de Londrina localizado na região norte, está ainda mais bonito e sustentável. Isso porque a Prefeitura de Londrina entregou a nascente do lago totalmente revitalizada, usando Soluções Baseadas na Natureza (SbN), que constituem medidas inspiradas, apoiadas ou copiadas da natureza, a fim de atender simultaneamente objetivos ambientais, sociais e econômicos.
A iniciativa foi promovida pela Prefeitura em parceria com a organização internacional ICLEI – Governos Locais pela Sustentabilidade e Ministério do Meio Ambiente, Proteção da Natureza e Segurança Nuclear do Governo da Alemanha, que investiram € 40 mil (cerca de R$ 235 mil) no projeto.
A revitalização do córrego Cabrinha é um projeto pioneiro e consiste em um conjunto de ações que tem como objetivo proteger e aflorar as águas da nascente, diminuir o impacto das chuvas fortes no local, melhorar a qualidade da água e do solo, conservar a biodiversidade e promover a qualidade de vida da população.
O prefeito Marcelo Belinati agradeceu ao ICLEI e disse que esta parceria coloca Londrina num patamar diferenciado a nível mundial, no que diz respeito à preservação do meio ambiente. “Londrina é uma cidade privilegiada com relação aos fundos de vale e nascentes, que somam mais de 100. A nascente do Cabrinha estava totalmente deteriorada, devido à ação humana ao longo dos anos. Por isso, fizemos uma ampla revitalização e desassoreamento, devolvendo este espaço para a ocupação das famílias londrinenses. O local está muito bonito e esperamos que a população possa fazer bom uso dele”, apontou.
O projeto foi licitado pelo ICLEI e a sua execução contou com o acompanhamento das secretarias municipais do Ambiente (Sema) e de Obras e Pavimentação (SMOP); Companhia Municipal de Trânsito e Urbanização (CMTU) e Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano de Londrina (Ippul). O ICLEI contratou a empresa paulista Guajava Arquitetura da Paisagem e Urbanismo para desenvolver o projeto, que contou com a participação de arquitetos urbanistas, biólogos, engenheiros civis e ambientais, assim como pelos docentes e pesquisadores da Universidade de São Paulo (USP).
O presidente do Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano de Londrina (IPPUL), Tadeu Felismino, ressaltou que o projeto é muito relevante, por ser uma vitrine, ou seja, uma demonstração prática da utilização das Soluções Baseadas na Natureza para o enfrentamento das questões de degradação ambiental. “A nascente do Cabrinha tinha problemas antigos, de erosão e assoreamento, e por meio desta parceria foi possível trazer soluções baseadas na natureza que trabalharam com a disposição de pedras, a fim de conter e reduzir a velocidade da água das chuvas, e fazer a utilização de plantas que além de contribuir com a purificação e oxigenação da água, funcionam como barreiras. A ideia do projeto é que ele seja um vitrine para outros que a Prefeitura quer executar”, contou.
A região metropolitana de Londrina faz parte da iniciativa do INTERACT-Bio do ICLEI América do Sul desde 2017. O objetivo da organização internacional é apoiar os governos locais de diversos países do mundo, para o correto aproveitamento da natureza em prol da conservação da biodiversidade e dos ecossistemas e da sustentabilidade ambiental e econômica. No Brasil, além de Londrina, participam do INTERACT-Bio as regiões metropolitanas de Campinas e de Belo Horizonte.
“Para nós foi uma experiência incrível Londrina ter sido um dos três municípios a participar do projeto. A nossa parceria com o ICLEI – que é o órgão das Nações Unidas que atua em 125 países e articula com os governos locais por um desenvolvimento sustentável – é muito importante. Quando o ICLEI trouxe o INTERACT-Bio, com recursos da comunidade europeia, abrindo o edital nacional, ficamos muito felizes por Londrina ter sido um dos três municípios selecionados para participar. Para nós foi uma experiência e um aprendizado muito grande. Hoje, temos em Londrina uma das primeiras vitrines tecnológicas de SbN do Brasil”, ressaltou o presidente do IPPUL.
O secretário-executivo adjunto do ICLEI para a América do Sul, Rodrigo Corradi, lembrou que Londrina participou de um processo seletivo com mais de 20 regiões metropolitanas no Brasil. “O objetivo do edital era selecionar regiões metropolitanas que tivessem não somente o interesse em soluções baseadas na natureza, mas que tivessem potencial para que uma atividade exemplo pudesse ser replicada. O resultado no Cabrinha mostra como uma intervenção com Soluções Baseadas na Natureza pode ter capacidade de qualificar um território específico e ser exemplo para que a prefeitura e as estruturas do ambiente privado possam aprender como as SbN têm essa permissibilidade de fazer uma intervenção quer preserva e, ao mesmo tempo, aumenta a capacidade de engajamento das pessoas junto com o espaço de intervenção”, enfatizou.
Corradi informou que o projeto INTERACT-Bio, apoiado pelo governo alemão, além do Brasil atua na Índia e Tanzânia e agora será expendido para a Colômbia. Segundo ele, as experiências que foram executas nas regiões metropolitanas de Londrina, Campinas e Belo Horizonte serão replicadas na Colômbia.
Intervenções – A recuperação da nascente do Cabrinha iniciou em outubro 2021. No local foram feitos o rearranjo de rochas basálticas que haviam sido colocadas no Lago Cabrinha pela CMTU; o plantio de vegetação, formando uma barreira de contenção para reduzir a velocidade da água das chuvas; colocação de pedras de modo a formar pequenas piscinas escalonadas, sendo a primeira mais profunda que as seguintes, para evitar problemas como possíveis inundações e deslizamentos de terra, além de possibilitar o controle da poluição difusa.
A proprietária da empresa Guajava Arquitetura da Paisagem e Urbanismo, que desenvolveu o projeto, Riciane Pombo, explicou um pouco sobre como o trabalho foi feito. “Nos deparamos com um talude com erosão, muita pedra tampando as nascentes e nada de vegetação. O ambiente estava muito seco, rígido, sem aproveitamento. Fizemos um estudo para ver o melhor meio para recuperar o local, utilizando as SbN, por isso não fizemos uso de concreto aqui. Usamos pedras da região, formando barreiras e abrindo pequenas bacias onde a água pode penetrar e surgir do lençol freático. A reorganização destas pedras ajuda a diminuir a velocidade da água das chuvas e isso é importante para que esta água não chegue com muita velocidade para o lago e também a reter o lixo antes dele chegar no lago”, contou.
De acordo com Riciane Pombo, o outro trabalho envolveu a recuperação da vegetação. “Plantamos vegetação nativa da região, que ajuda a tratar a água, como vedélia, inhame, papiro brasileiro, íris e biri. São plantas que resistem ao fundo de vale e ao mesmo tempo colaboram na retenção do talude. Por isso, pedimos para que a população na arranque as plantas, por mais bonitas que elas sejam, pois elas têm um papel muito importante na natureza”, enfatizou.
O morador da região Enoque Mariano da Silva é tido pelos moradores do bairro com um dos guardiões do Lago Cabrinha. Durante a entrega da nascente, Silva agradeceu ao trabalho realizado no local. “Eu ajudo a cuidar do lago, a plantar espécies nativas, e estou muito feliz com o serviço realizado aqui. As famílias voltaram a frequentar o local, trazer as crianças, fazer caminhada, por isso agradeço ao prefeito Marcelo Belinati pelo excelente trabalho”, frisou.
Outras ações no Cabrinha – Desde 2020, a Prefeitura tem realizado um amplo trabalho no Lago Cabrinha, para torná-lo mais agradável, bonito e seguro para que a população pudesse voltar a frequentá-lo para o lazer. Em 2020, o município fez o desassoreamento do lago, renovou a pista de caminhada, inseriu iluminação em LED, parquinhos, bancos e outros equipamentos. Além disso, em 2021, inseriu o letreiro “Eu Amo Londrina”, reconhecendo o local como um grande ponto turístico de Londrina, em especial da região norte, a maior do município.
Entre os presentes na entrega da revitalização da nascente, também estiveram o vice-prefeito João Mendonça; os secretários municipais do Ambiente, Ronando Deber Siena, de Agricultura e Abastecimento, Regis Choucino, e de Cultura, Bernardo Pelegrini; o chefe de Gabinete, Moacir Sgarioni; o diretor de Projetos do Ippul, Robson Shimizu e o diretor de Operações da CMTU, Álvaro Nascimento.
