O “porto” de Cabeçudas

O “porto” de Cabeçudas
Caminho para Cabeçudas. À direita, o Parque da Atalaia

Victor Grein Neto

Se, em 1903, e durante mais uns 5 anos, os peixes pudessem usar tampões de ouvido, teriam se utilizado deles. O itajaiense Lauro Muller, até hoje considerado um dos melhores políticos brasileiros, na época Ministro da Indústria, Viação e Obras Públicas no Governo Rodrigues Alves, resolvia enfrentar o problema do “porto” de Cabeçudas, onde a violência das águas não permitia a navegação, quase toda feita através de navios a vela, por causa das ressacas marítimas. Uma empresa, a Cobrazil, foi a empreiteira.

As operações do porto eram alavancadas pelas cargas de madeira, trazidas das regiões Oeste, Meio Oeste e Planalto de Santa Catarina e exportadas por Itajaí. Porém, no final dos anos 1960, o ritmo de extração da madeira começou a apresentar queda, revertendo a longa tendência de crescimento desde o início do século.

Então, de um momento para outro, as dinamites explodiram, tirando pedras dos morros para a construção de um cais acostável e de um espigão de pedras dividindo a Enseada da Fazenda, retendo-se a invasão das ondas grossas.

As pedras dinamitadas eram transportadas em vagonetes, puxadas por uma pequena locomotiva movida a vapor.

Com isso, foi aberto também o caminho para Cabeçudas, que tem esse nome por causa do grande número de tartarugas cabeçudas que havia no local.

Resultado das explosões, surgiu como por acaso, acidentalmente, uma das grandes atrações de Itajaí, o Bico do Papagaio, um dos locais mais fotografados da cidade. E o “bico do papagaio” daqui, virou “pico de loro” em espanhol, “the parrot´s beak” em inglês, “bec de perroquet” em francês, “papageienschnabel” em alemão…

40 anos antes, até 1860, ano de sua fundação (que foi no dia 15 de junho), toda uma imensa área territorial, que começava às margens do rio Itajaí-Açu e do Oceano Atlântico e prosseguia morros adiante, pertencia a Itajaí. Em 1860, grande parte dessa área foi para a emancipação de Blumenau, depois, em 1881, para Brusque, em 1884 para Camboriú e, de 60 anos para cá, mais desmembramentos aconteceram, para Ilhota, Luiz Alves, Penha, Navegantes. E aquela imensidão ficou hoje restrita a 289 km2.

A fundação de Itajaí ocorreu em 1860, mas bem antes, em 1658, teve início a colonização européia, com alemães, italianos e açorianos.

No final dos anos 1960, o ritmo de extração da madeira começou a apresentar queda, revertendo a longa tendência de crescimento desde o início do século. Hoje, porém, o Porto Itajaí, mais a Portonave, do outro lado, em Navegantes, impõem-se como dos mais importantes terminais marítimos brasileiros, com variada movimentação de cargas, importação e exportação.

Quem passa hoje pelo caminho bairro Fazenda – Cabeçudas nem imagina como um porto funcionou por ali. Mas foi assim que começou a história da pujança portuária de hoje.

E, então, tiremos, saudosamente, o chapéu para Lauro Muller.  

Parque da Atalaia

Se pedras foram tiradas do morro da Atalaia há cem anos, hoje isso não seria mais possível. Todo o morro, com vegetação da Mata Atlântica, transformou-se em local preservado e em atração turística, o Parque da Atalaia, criado em 2007.

São 19 hectares preservados e oferecendo aos visitantes muitas atrações. Os dois mirantes permitem observar incríveis paisagens com o mar sobressaindo. Para caminhar, tem uma trilha de 600 metros (que chega aos mirantes). Mais de 200 plantas foram catalogadas, assim como mais de 100 espécimes de animais e aves.

De lá partem os vôos de parapente.

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