Londrina homenageia cultura caipira com exposição 

Londrina homenageia cultura caipira com exposição 
Foto: Vivian Honorato

(PREFEITURA DE LONDRINA – Ana Paula Hedler)

Para valorizar e reavivar as raízes da cultura caipira no município de Londrina, foi realizada a exposição “Memórias de uma Londrina Sertaneja”, na Biblioteca Pública Municipal Pedro Viriato Parigot de Souza, que fica na região central.

A iniciativa foi promovida pela Associação de Arte e Cultura (Corre) e patrocinada pela Prefeitura de Londrina, por meio do Programa Municipal de Incentivo à Cultura (Promic), da Secretaria Municipal de Cultura, com o apoio do Instituto Memória Caipira.

Segundo o curador da exposição, produtor cultural e autor de seis livros, Renne Faria Filho, a intenção é transformar a exposição em um espaço de preservação, valorizando os elementos caipiras e do campo de forma a contar a história para a geração mais nova e, ao mesmo tempo, reavivar as lembranças nos mais velhos.

Para isso, quem foi visitar a Biblioteca Pública encontrou diversos discos de vinil de músicos sertanejos antigos; como Tonico e Tinoco e Teodoro e Sampaio; livros raros da década de 1920 e 1930, como o “Cornelio Pires Scenas [SIC] e Paisagens da Minha Terra (Musa Caipira)” de Monteiro Lobato e Cia e o primeiro livro da Cultura Caipira do Brasil; além de uma vitrola, um gramofone, gravador, fitas K7, berrante de cinco chifres, caleidoscópio, bola de capotão antiga, uma escrivaninha, penteadeira, porteira e carro de boi feitos em madeira; fotografia de 1929 registrando o início da música caipira brasileira, um tripé e itens da cultura cafeeira.

“A ideia foi valorizar isso para que a gente pudesse fazer uma exposição caipira com os elementos da roça, dando vida a esses elementos. Eu tentei, durante todos esses anos de resgate, fortificar a memória caipira brasileira e também o meu passado e minha infância no meio rural. Tentei transformar aquilo que era e o que eu gostava em uma exposição, que é meu trabalho hoje. É um resgate e uma retomada para que os jovens possam conhecer, porque tudo que se vê hoje é graças aos nossos tios, avós e bisavós, a essa construção da sociedade”, acredita o curador da exposição.

Todos os itens trazidos são da coleção pessoal de Faria Filho, que atualmente tem 4.000 discos de vinil, 1.200 fitas K7, 3.000 periódicos, quatro vitrolas, cinco radiolas, quatro gramofones, máquina de costura à manivela, moedor de café à manivela, lampião, lamparina, armários antigos, máquina de lavar de madeira, publicações sobre a música sertaneja desde 1953 no jornal Folha de Londrina, a primeira Revista da Cultura de 1926, a Revista Sertaneja de 1929, a Coleção da Revista Sertaneja da década de 1950, além de artefatos da cultura cafeeira.

Segundo o secretário municipal de Cultura, Bernardo Pelegrini, a Secretaria de Cultura tem uma preocupação fundamental com a preservação da memória e busca incentivar isso através dos programas culturais, como é o caso do Promic. “Londrina é uma cidade estruturalmente agrícola. As pessoas que vieram para cá, em sua grande maioria, eram camponeses e lavradores em seus estados de origem. Temos mais de 40 etnias, mas a maioria é brasileiro. Então, essa mistura ficou muito marcante no norte do Paraná. Nós do Município orientamos para onde ir em defesa do interesse público, por isso é muita alegria o fato de que a gente consiga ter um trabalho consistente com o acervo do Renne, que é um apaixonado pelo sertanejo, autor de muitos livros e biografias e uma referência nacional na área dele. O mais bacana é que a exposição agora é na Biblioteca Pública, no centro da cidade, permitindo que as crianças e adultos entrem em contato com esse mundo e que os idosos tenham esse momento de nostalgia”, afirmou o secretário de cultura.

Pelegrini também contou que a indústria moderna sertaneja do Brasil nasceu no norte do Paraná, por conta do desenvolvimento das tecnologias das emissoras. “Tinha uma emissora de rádio em cada cidade, onde os artistas vinham e faziam as divulgações de seus discos. E também havia os horários nas emissoras de rádio que eram reservados para vendedores, por isso que eles faziam programas de rádio e levavam coisas para vender. No norte do Paraná, o rádio teve uma importância enorme, assim como a cultura caipira e aqui está retratado um pedaço dessa cultura”, contou.

A diretora de bibliotecas públicas da Secretaria de Cultura, Leda Maria Araújo, explicou que todos os meses a pasta busca apresentar exposições com as mais diversas linguagens artísticas, como a arte, fotografia, a pintura, escultura, poesia, música, além dos livros e da literatura. “É a primeira vez que a Biblioteca Pública recebe essa exposição e nós nos sentimos muito lisonjeados, porque acabamos de fazer uma sala afro, uma indígena e agora temos uma exposição sobre uma memória da Londrina Sertaneja. Londrina se desenvolveu em torno da cultura cafeeira e tem uma origem rural, apesar de que hoje, com as transformações e mudanças da sociedade, a gente tem outro viés, mas o agronegócio ainda é muito forte, mas o fato de estarmos relembrando na memória das pessoas o passado e a história, tudo isso é conteúdo e conhecimento gerado por meio da música, da leitura e dos objetos”, disse Araújo.

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