Um polo que mudou a cara da economia paranaense

(SISTEMA FIEP)

Terceiro maior pólo automotivo brasileiro, o do Paraná vai ser reforçado com a implantação de uma unidade da Tatabras em Ponta Grossa. Pertencente ao grupo CSG Aerospace, da República Tcheca, a fábrica fabricará ali veículos off-road para solos difíceis nas categorias 6 X 6 e 8 X 8. Os investimentos serão da ordem de R$ 102 milhões.

A respeito do pólo paranaense, eis um texto produzido pela Fiep – Federação das Indústrias do Estado do Paraná -:

“A implantação e desenvolvimento de determinadas cadeias produtivas tem potencial para alterar o perfil econômico de uma região. A indústria automotiva paranaense talvez seja um dos exemplos mais emblemáticos desse poder transformador. Há praticamente quatro décadas, o estado recebia os primeiros investimentos de empresas do setor, no que foi o princípio de um processo que levou o Paraná a se tornar o terceiro maior polo automobilístico do país e a diminuir, ao menos em parte, sua dependência da produção agrícola.

A cadeia automotiva responde por 15,2% da receita líquida de vendas da indústria estadual, atrás apenas da fabricação de produtos alimentícios, com 26,8%. São 552 empresas – incluindo montadoras de veículos, fornecedoras de peças e acessórios e fabricantes de cabines, carrocerias e reboques – que geram mais de 35 mil empregos, com uma massa salarial de R$ 2,8 bilhões ao ano. Hoje, o Paraná responde por 11,46% da produção física de veículos no país, participação que sobre para 16,61% quando se considera o Valor da Transformação Industrial, indicador utilizado para medir o valor agregado à produção.

Mas para que alcançasse essa relevância no cenário nacional, o Paraná passou por três grandes ciclos de investimentos em sua cadeia automotiva. O economista Gilmar Mendes Lourenço, professor da FAE Business School, explica que o primeiro deles ocorreu na segunda metade da década de 1970, impulsionado por três fatores principais: a implantação da Cidade Industrial de Curitiba (CIC), a instalação da Refinaria Presidente Getúlio Vargas (Repar), em Araucária, e uma política de descentralização da indústria brasileira, até então concentrada em São Paulo.

Outras questões também pesaram na decisão das empresas, como explica Carlos Ogliari, vice-presidente de Recursos Humanos e Assuntos Corporativos da Volvo, multinacional sueca que foi a primeira grande montadora a chegar ao Paraná, tendo lançado a pedra fundamental de sua fábrica de ônibus e caminhões em 1977. “Curitiba já se mostrava uma cidade com planejamento urbano de longo prazo, estávamos perto do Porto de Paranaguá, com uma boa infraestrutura e a poucos minutos de um aeroporto. Toda essa questão logística pesou muito”, explica. “Outro fator foi o potencial de qualificação de mão de obra. Curitiba era muito conhecida por isso”, completa, referindo-se a instituições como o Centro Federal de Educação Tecnológica do Paraná (Cefet-PR) – hoje transformado na Universidade Tecnológica Federal do Paraná (UTFPR) – e o Senai. Além da Volvo, outras grandes empresas do setor que chegaram ao Paraná nesse primeiro período foram New Holland e Robert Bosch.

O processo de expansão da indústria automotiva paranaense foi prejudicado, no entanto, pelas turbulências econômicas enfrentadas pelo Brasil na década de 1980. Fatores como a hiperinflação impediam qualquer previsibilidade na economia do país e afastavam investidores. Processo só interrompido em meados da década seguinte, com a estabilidade trazida pelo Plano Real. “O Paraná apresenta-se novamente como opção à volta da desconcentração industrial, recolocando seus trunfos ou atrativos à disposição dos investidores potenciais, com maior peso dos incentivos fiscais”, explica Lourenço, citando a forte política de benefícios adotada pelo governo do Estado na época para atrair as montadoras.

Foi nesse período que o polo automotivo paranaense registrou seu maior crescimento, principalmente pela instalação das plantas da Renault e Volkswagen, em São José dos Pinhais, e da Chrysler, em Campo Largo. “Essas empresas demandavam uma cadeia muito maior de fornecedores”, lembra Benedicto Kubrusly Junior, diretor regional no Paraná do Sindicato Nacional da Indústria de Componentes para Veículos Automotores (Sindipeças). “Elas trouxeram também um novo modelo, com grandes fornecedores parceiros instalando-se no entorno de suas fábricas. Foi uma onda muito bonita de investimentos, com milhares de empregos sendo gerados”, acrescenta” .

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